O TARÓLOGO DIZ O QUE O CLIENTE QUER OUVIR?

De forma deliberada não. Pelo menos, dentro de um mundo ideal, não seria o adequado.

O Tarólogo sempre tem que dizer o que está escrito nas cartas, seja a representação do presente do consulente, sejam os sentimentos, pensamentos e intenções das pessoas com as quais ele convive, sejam as previsões, as advertências e os conselhos. O que a consulta pode ter de pessoal do Tarólogo são suas referências culturais, seu modo de expressão, sua educação, clareza e objetividade ou a falta delas.

Assim, por mais que alguns conselhos que o Tarólogo dê pareçam óbvios ao consulente, que presumidamente acredita que são repetidas a torto e a direito em qualquer consulta, não importa o tema, eles são baseados no que saiu na leitura. Por exemplo, se saiu Temperança, a pessoa tem que se acalmar, ser moderada, aceitar a situação. Parece frase-feita? Sim. Mas, se sai Mundo, o conselho já é buscar por independência emocional. Parece óbvio? Também. A questão é que no caso da pessoa para quem saiu o Mundo, ser como a Temperança não ia ajudar e vice-versa. Uma carta pede certa passividade, a outra liberdade. Mesmo que ambos conselhos estejam aí na boca de amigos, só o Tarô vai saber qual deles é o melhor, naquele momento, para aquela pessoa, dentro daquela situação.

Além disso, muitas vezes pode acontecer do relato do consulente indicar uma situação e as cartas disserem o oposto. O que o Tarólogo deve fazer? Vai dizer: “olha, por mais curioso que isso seja, aqui não saiu que esta pessoa em questão esteja sendo desleal”. Afinal, é muito diferente uma Rainha de Paus de um Pajem de Espadas quando se pensa na atitude de alguém conosco, não é mesmo? Não dá para forçar a barra e responder o que a pessoa quer, só para que tenha a liberdade de transferir a culpa a alguém.

Por fim, penso que este tipo de receio resida no fato de as cartas nada significarem (ou muito pouco) ao consulente. Portanto, tanto faz o que saia na mesa, ele não tem como averiguar se o discurso do profissional está de acordo com o que saiu. Por isso, gosto de comparar com os médicos. Ele pega seu exame, lhe prescreve remédios e diz o que você tem. Muitos de nós podem ler o exame e não chegar a conclusão nenhuma. Logo, se não houver confiança, a eficiência de uma consulta e de um tratamento médico cai por terra.

Isso significa que você é obrigado a confiar em qualquer um? Claro que não! De fato existem médicos para quem tudo é virose e tarólogos que sempre vão pedir um dinheiro extra para quebrar a amarração.

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