MINHA HISTÓRIA COM O TARÔ – PARTE I

Minha paixão pelas cartas nasceu quando era bem pequena e passava as férias de julho na chácara do meu vô no interior de São Paulo. Como ele precisava me entreter durante a noite, ficávamos horas na cozinha jogando.

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Porém, não se engane achando que me tornei com isso uma mestre em jogos de carteado. Até hoje não sei jogar nenhum dos clássicos, como buraco, por exemplo. Meu foco estava em aprender a embaralhar, cortar e dispor as cartas na mesa corretamente.

Foto: Leo Rey

Curiosamente, nesta época, meu vô me ensinou uma brincadeira de adivinhação do futuro em forma de tiragem, que hoje percebo ser uma forma de tabuleiro. Você pegava o baralho comum e tirava as cartas de número 8,9 e 10. Embaralhava, fazia uma pergunta cuja resposta tinha que ser “sim” ou “não”, cortava e distribuía na mesa em quatro linhas horizontais, divididas em 9 colunas. Todas as cartas viradas para baixo. Dentro dessa configuração, você ficava com 36 cartas dispostas na mesa e 4 sobravam na sua mão.

Foto: Leo Rey

O objetivo era desvirar todas as cartas, fazendo com que a primeira linha fosse de ouros, a segunda de copas, a terceira de paus e a quarta de espadas, indo do às (primeira carta na extrema esquerda) ao valete (extrema direita).

Foto: Leo Rey

Então, você começava virando a primeira carta daquelas 4 que sobraram na sua mão. Se fosse um Ás de Paus, você ia lá na terceira linha (de Paus), e virava a carta de número 1, que poderia ser um 4 de Copas. Aí você colocava o Ás de Paus no lugar certo e ia lá na segunda linha (de Copas) virar a carta de número 4.

Foto: Leo Rey

O processo só era interrompido quando no meio disso você desvirava um rei. Aí você tinha que voltar ao monte daquelas 4 cartas iniciais e pegar a próxima. Se você conseguisse desvirar todas as 36 cartas antes do quarto e último rei sair, a resposta a sua pergunta era “sim”. Se o jogo ficasse pela metade, a resposta era “não”.

Foto: Leo Rey

Foto: Leo Rey

Peguei muita prática neste jogo, ao ponto de começar a “ler” para outras pessoas, como quando meu pai quis saber se conseguiria comprar um carro, o que a tiragem respondeu corretamente. De todo modo, como ela não era muito completa, fui criando sistemas para ela, permitindo respostas adaptáveis. Por exemplo, se faltassem apenas poucas cartas para desvirar quando o último rei saísse e, virando-as, o jogo ficasse certo, eu considerava que era um sim com leve dificuldade ou atraso. Se não ficasse certo, era um quase sim, como se a pessoa tivesse que mudar algo para que a situação ficasse favorável. Se os quatro reis já eram encontrados naquele monte de 4 cartas que sobrava no começo do jogo, dizia que era um não bem absoluto, do tipo, “nem tente” e assim por diante.

Foto: Leo Rey

Porém, foi só aos 13 anos que descobri o Tarô…

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