No Tarô de Osho, o Cavaleiro de Espadas é a representação da luta, não daquela por motivos nobres ou por conquistas pela evolução humana e sim do ato de entrar em conflitos desnecessários apenas por falta de aceitação ou compreensão.
Trago esta carta hoje porque recentemente me deparei com situações nas quais a raiva, a incompreensão, o orgulho ferido e mesmo o desdém macularam um ambiente propício à criatividade e ao desenvolvimento de algo maior. Vi de um lado pessoas de grande conhecimento sendo afetadas em sua dignidade e de outro, pessoas sem saber, mas cheias de malícia, ávidas por ferir.
Na superfície é fácil apontar vítimas e algozes, porém, o que vejo são os dois lados da mesma moeda. Pois, se existe ataque contra nós, algo dentro da gente deve estar puxando isto, seja para que nossa resistência seja testada, seja como resultado direto de ações semelhantes que praticamos no passado, ou ainda para percebermos que guardamos crenças erradas sobre a vida e as pessoas. Afinal, nada é por acaso ou nos chega de forma gratuita, do mesmo modo que ninguém é perfeito ou malévolo sem um motivo.
É claro que temos que defender nossas ideias, manter nossos princípios, salvaguardando o que nos é precioso, mas perder a calma, entrar em debates sem fim, ficar irados, alimentar a desarmonia (com fofocas e intrigas), a intolerância, criar separatismos e níveis de superioridade e inferioridade, não importa o quão corretos e lógicos sejam nossos argumentos, é mesmo o melhor caminho para encontrar a justiça?
É este tipo de luta que trará luz e conhecimento? que manterá a coesão de um grupo? que trará à tona a verdade? Ou se trata apenas de um bumerangue no qual quem fere hoje, será ferido amanhã, num vai e volta perpétuo de ressentimento?
Afinal, a crítica não é arma de apenas um lado (tanto o “bom”, quanto o “mau” a utilizam) e cada um tem suas justificativas, por mais estranhas e incoerentes que sejam para quem está de fora, para explicar suas ações.
Não sei se esta onda que presenciei é algo passageiro ou mesmo regional, de todo modo, espero que passe e que aquilo que é essencial permaneça imaculado. Por fim, como diz o próprio Osho em relação a nossa curta existência: “…quanta confusão nós armamos – quanta violência, ambição, luta, conflito, raiva, ódio. Apenas por um momento tão breve!…[e, de repente] você se foi para sempre.”
Se você estiver vivenciando este momento de luta, não importando em qual lado esteja jogando, reflita se isto irá lhe levar a algum lugar. Porque, mesmo ganhando, aquilo que será perdido (como sua paz interior, por exemplo), poderá fazer muita falta.