A CULPA NO TARÔ

O Tarô é um poderoso instrumento de autoconhecimento, pois trabalha com nosso próprio subconsciente. Nem tudo está à mostra. Tal como um iceberg, aquilo que temos percepção sobre nós mesmos (a mente consciente) é apenas uma pequena fração do todo submerso (mente subconsciente e inconsciente). E é exatamente nestas duas últimas que se encontra toda a beleza e também todas as manchas da nossa alma, um misto de qualidades e defeitos que batalham entre si e dos quais somos tão pouco conscientes.

Com certeza um dos sentimentos mais tenebrosos do ser humano é a culpa, pois esta sensação é algo que simplesmente não passa de um momento à outro, tal como um arroubo de alegria ou um instante de raiva.

A culpa é um daqueles sentimentos que nos consomem dia-a-dia, que nos martirizam e dos quais não encontramos uma desculpa ética e aceita moralmente para deixá-lo de lado e continuarmos nossa vida normalmente. Afinal de contas, sentir-se culpado indica que em algum momento fizemos algo de tão terrível para nós ou para outro(s) que gerou arrependimento, auto-sacrifício e auto-punição.

Podemos encontrar este sentimento muito bem representado pelo 9 de Espadas, que, dependendo do tipo de Tarô, nos traz novas luzes e matizes para o assunto. No Tarô Mitológico, por exemplo, temos o mito de Orestes. Aliás, todo o naipe de espadas nos conta a trajetória, passo a passo, de como este rapaz foi levado ao assassinato, primeiro pela mãe e depois pelo próprio deus Apolo. Em dado momento, após os dois crimes, a culpa sobrevêm a ele.

A culpa está representada nesta carta pelas Mórias, seres que tinham o poder de decidir sobre a vida e a morte dos mortais, ao cortar o cordão da vida em sua roda de fiar.

Neste baralho e em muitos outros semelhantes, a carta da culpa indica medo do futuro, crueldade consigo mesmo, angústia, tormento. Já que estamos sofrendo tantas conseqüências pelos atos passados (como a própria vergonha do erro cometido), como poderemos ter um futuro cheio de paz e alegria?

O Tarô Osho-Zen faz uma releitura do 9 de Espadas associando-o à iluminação espiritual. Ele diz: O sofrimento não vem para torná-lo infeliz e sim para torná-lo consciente.

Em outras palavras, nós só entendemos quem somos de verdade através do sofrimento. É a culpa que nos mostrará onde estão nossas maiores deficiências. Porém, de nada adianta viver o resto do tempo nos maldizendo, porque existem neste mundo pessoas muito melhores que nós e também muito piores em todos os sentidos.

Este sentimento tem apenas o sentido de informar que você errou, o que o torna tão falível como qualquer outro ser humano. Na verdade, isso o ajuda a ser mais humilde e a ter mais consciência de seus atos.

Porém, tome cuidado! A culpa têm a tendência a querer coroar-lhe de mártir, o que de certa forma, é apenas uma variante do sentimento de vítima, do egoísmo e do orgulho.

Por isso, se você estiver sentindo culpa, não viva atormentado como Orestes, nem rebaixe a si mesmo ou se puna. Chore, mas medite e se transforme! Seu erro com certeza não foi o maior erro de todos e nem é você o pior dos seres humanos. Não tente encontrar grandeza dentro da própria miséria, pois somos todos iguais e sofremos da mesma forma.

Liberte-se da culpa e seja feliz por saber e ser quem é e por ter aprendido mais uma lição!

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